sexta-feira, 23 de outubro de 2009

hoje

Há dias em que acordo e fico com medo de quem não sou. Nesses dias estranho-me. Na verdade, é mais do que isso. Nesses dias, eu convivo com uma estranha. Meus diálogos internos – que são muitos – passam a ser poucos, passam a ser razoáveis. Não me agradam as coisas razoáveis. Certo. Algumas me agradam, mas poucas. Gosto do que que me estremece. Pode ser susto, pode ser alegria, pode ser o silêncio.
Mas, como dizia, esses tais dias existem. Acredito que só nos damos conta de sua existência quando eles se foram. Fica a sensação do não-feito, do dia-não-vivido. Do acordar-por-acordar. Do trabalho-máquina. Não gosto de mim, então.
Mas, hoje não. Hoje não é um desses dias. Hoje amanheci arco-íris, tomei o cheiro do café que estava no ar de manhazinha e comi o gosto do meu cereal. O leite gelado tirou-me a sede. Mas, a sede permaneceu. Contradição? Eu já falei que não gosto de coisas razoáveis? Hã? Hum. Hoje o dia não está diferente nos fatos, contudo os fatos ocorrem de modo diferente aqui dentro. De mim. Hoje a intensidade da vida me comove. Hoje eu transbordo em felicidade por. Minha existência.
Gosto de quem sou hoje.

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