
Estava eu na cozinha, comendo o último pedaço do bolo de chocolate deixado por ele, quando ouço a voz de uma jornalista do jornal nacional, anunciando uma exposição dedicada ao pequeno príncipe em são paulo. Saí correndo para ver. Enquanto recheava meus olhos por personagens-matéria que habitaram meu imáginário desde. A infância me engolia ali mesmo. Tomada pela inocência-alegre-triste da época em que, pela primeira vez, li tal obra, me engasgo. Engasgo-lágrima.
Via tudo ali. Aquele tudo remeteu-me à volta do pássaro encantado, de rubem alves, principalmente quando o fragmento “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.”, de Exupery, é pintado na tela. Engoli o bolo. E a lágrima.
A sutil simplicidade com que cada um desses autores consegue extrair beleza do invisível, do óbvio invisível, me emociona. Ambos falam de amor: no príncipe e no pássaro. E ambos falam na presença-ausência daquele que. (amo quem me toca.) Ambos tornam claro que é preciso a ausência para sabermos a intensidade da presença.
Ausência de alguém pode preencher nosso coração. Poderia parecer uma contradição: a ausência preencher. Como se fosse um furo preenchendo um buraco, ou o vazio preenchendo o nada. Mas, não se trata disso. A ausência é cheia. Ela é transbordante quando existe saudade. Essa ausência é momentos, ações, olhares, toques, palavras, sorrisos, silêncio, sentimento, é vida. Pura intensidade fica no coração daquele que tem saudade.
(vou sentir saudade de ti. se vieres no sábado à noite, começarei a ser feliz à tarde.)
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