Há dias em que acordo e fico com medo de quem não sou. Nesses dias estranho-me. Na verdade, é mais do que isso. Nesses dias, eu convivo com uma estranha. Meus diálogos internos – que são muitos – passam a ser poucos, passam a ser razoáveis. Não me agradam as coisas razoáveis. Certo. Algumas me agradam, mas poucas. Gosto do que que me estremece. Pode ser susto, pode ser alegria, pode ser o silêncio.
Mas, como dizia, esses tais dias existem. Acredito que só nos damos conta de sua existência quando eles se foram. Fica a sensação do não-feito, do dia-não-vivido. Do acordar-por-acordar. Do trabalho-máquina. Não gosto de mim, então.
Mas, hoje não. Hoje não é um desses dias. Hoje amanheci arco-íris, tomei o cheiro do café que estava no ar de manhazinha e comi o gosto do meu cereal. O leite gelado tirou-me a sede. Mas, a sede permaneceu. Contradição? Eu já falei que não gosto de coisas razoáveis? Hã? Hum. Hoje o dia não está diferente nos fatos, contudo os fatos ocorrem de modo diferente aqui dentro. De mim. Hoje a intensidade da vida me comove. Hoje eu transbordo em felicidade por. Minha existência.
Gosto de quem sou hoje.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
i want the whole thing. may i?
Segundo Osho “a capacidade de estar sozinho é a capacidade de amar.” Não sei, ao certo, se isto é tão preto no branco, meio que causa-consequência. Também não sei se sei de alguma coisa de fato. Posso, no máximo, supor que sim. Mas, vejo tanta verdade nessa frase. Encontro tantas pessoas que depositam no outro a esperança de uma vida melhor, como se o outro fosse sua metade e, o que é pior, sua melhor metade. Não quero aqui ostentar uma idéia anti-romântica – sou romântica demais para tanto -, mas entendo que cada ser humano é completo e precisa ver-se como tal, embora isso geralmente não ocorra. Não esperar pela sua metade para saber-se apto a ser feliz. Até, porque, por vezes, ao se conhecer o suposto ser amado, passa-se a ser menos feliz, quiçá, infeliz (mesmo que se assuma mais tarde). Parece-me que entender-se completo quando só, como se amparado por si mesmo, estrutura-nos melhor para tirarmos proveito (no que há de mais positivo em tal termo) de um relacionamento. Por quê? Porque amor é troca. É um doar de si um tanto e receber do outro um tanto não idealizado, mas real. Não é esperar que alguém venha trazer à nossa vida o encantamento que não conseguimos nela ver. Nossa tendência - mesmo que inconsciente, ou justamente, por isso mesmo - a querer voltar a sermos amados como um dia fomos (fomos?) tende a nos levar a armadilhas. Idealizamos quem nos salve de nós mesmos, quem nos ampare e nos leve para um mundo de sonhos e felicidade. Mas, o real nos engole logo quando iludidos. Questão de meses? Anos?
Há de se ser por inteiro. Sim: sonhar muito. Contudo, um sonho que nos impulsione para frente, para mais. Não o sonho que anestesia, mas o sonho que nos faz voar. Só podemos nos encantar verdadeiramente quando já estamos encantados por nós mesmos, por nossas capacidades, por nosso modo de sentir e ver o mundo. Quando estamos em pleno contato com nossa essência, com o que nos faz vibrar. Aí, podemos trocar. É necessário que se tenha para dar, para receber sem ser depósito, para se receber e somar, para dar e somar. Aliás, na brincadeira da soma, sabe-se, assim, que um mais um é dois e não um. (I don’t wanna be the other half / I believe that one and one make two – Alanis Morissette) Também vejo aqueles que pensam que apenas têm a dar, que já estão completos: aí caímos no outro extremo. Pessoas que se veem tão auto-suficientes, que se bastam e que só tem a “preencher” no outro. O resultado disso tampouco pode ser satifatório, uma vez que que o outro também precisa ser reconhecido na relação.
Saber-se completo e único, mas com uma falta interna que o leva a querer. Querer alguém ao seu lado, alguém para compartilhar suas potencialidades, com quem ter conversinhas antes de dormir, que saiba gargalhar com, ajudar, alguém também completo e, portanto, cheio de vida, capaz de sonhar com. Querer “estar com” e neste “estar” aprender na relação, fazendo o espaço entre os dois se tornar encantado. Enfim, o encantamento, mas construído pelos dois, cheio de sonhos e realidades, de potência e vontade de viver. Querer não adiar mais a alegria urgente que vem deste “estar”. Querer e poder deixar-se ser, sem julgamentos morais, sem visões critalizadas, sem idealizações.
Pode soar piegas, agora. Eu sou. Eu quero isso pra mim.
Há de se ser por inteiro. Sim: sonhar muito. Contudo, um sonho que nos impulsione para frente, para mais. Não o sonho que anestesia, mas o sonho que nos faz voar. Só podemos nos encantar verdadeiramente quando já estamos encantados por nós mesmos, por nossas capacidades, por nosso modo de sentir e ver o mundo. Quando estamos em pleno contato com nossa essência, com o que nos faz vibrar. Aí, podemos trocar. É necessário que se tenha para dar, para receber sem ser depósito, para se receber e somar, para dar e somar. Aliás, na brincadeira da soma, sabe-se, assim, que um mais um é dois e não um. (I don’t wanna be the other half / I believe that one and one make two – Alanis Morissette) Também vejo aqueles que pensam que apenas têm a dar, que já estão completos: aí caímos no outro extremo. Pessoas que se veem tão auto-suficientes, que se bastam e que só tem a “preencher” no outro. O resultado disso tampouco pode ser satifatório, uma vez que que o outro também precisa ser reconhecido na relação.
Saber-se completo e único, mas com uma falta interna que o leva a querer. Querer alguém ao seu lado, alguém para compartilhar suas potencialidades, com quem ter conversinhas antes de dormir, que saiba gargalhar com, ajudar, alguém também completo e, portanto, cheio de vida, capaz de sonhar com. Querer “estar com” e neste “estar” aprender na relação, fazendo o espaço entre os dois se tornar encantado. Enfim, o encantamento, mas construído pelos dois, cheio de sonhos e realidades, de potência e vontade de viver. Querer não adiar mais a alegria urgente que vem deste “estar”. Querer e poder deixar-se ser, sem julgamentos morais, sem visões critalizadas, sem idealizações.
Pode soar piegas, agora. Eu sou. Eu quero isso pra mim.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
exupery alves
Estava eu na cozinha, comendo o último pedaço do bolo de chocolate deixado por ele, quando ouço a voz de uma jornalista do jornal nacional, anunciando uma exposição dedicada ao pequeno príncipe em são paulo. Saí correndo para ver. Enquanto recheava meus olhos por personagens-matéria que habitaram meu imáginário desde. A infância me engolia ali mesmo. Tomada pela inocência-alegre-triste da época em que, pela primeira vez, li tal obra, me engasgo. Engasgo-lágrima.
Via tudo ali. Aquele tudo remeteu-me à volta do pássaro encantado, de rubem alves, principalmente quando o fragmento “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.”, de Exupery, é pintado na tela. Engoli o bolo. E a lágrima.
A sutil simplicidade com que cada um desses autores consegue extrair beleza do invisível, do óbvio invisível, me emociona. Ambos falam de amor: no príncipe e no pássaro. E ambos falam na presença-ausência daquele que. (amo quem me toca.) Ambos tornam claro que é preciso a ausência para sabermos a intensidade da presença.
Ausência de alguém pode preencher nosso coração. Poderia parecer uma contradição: a ausência preencher. Como se fosse um furo preenchendo um buraco, ou o vazio preenchendo o nada. Mas, não se trata disso. A ausência é cheia. Ela é transbordante quando existe saudade. Essa ausência é momentos, ações, olhares, toques, palavras, sorrisos, silêncio, sentimento, é vida. Pura intensidade fica no coração daquele que tem saudade.
(vou sentir saudade de ti. se vieres no sábado à noite, começarei a ser feliz à tarde.)
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