domingo, 8 de março de 2009

8 de março

O que eu queria hoje? Não. O que eu quero hoje? Não preciso de muito. Quem me conhece sabe que não preciso de muito para me sentir profundamente feliz. Não quero nem chuva de pétalas de rosa ou qualquer manifestação pública desse porte, nem mesmo menor. Café na cama. Olhar profundo. Flores. Margaridas, de preferência. Pele: contato. Cozinhar com tempero de beijinhos e piadas bobas. Não preciso de paixão hoje (já tenho tanta dentro de mim): paz. Caminhar no verde. Pôr do sol. Filmezinho. Beber um pouco. Bem pouco. O suficiente para falar de mim e ouvir além do óbvio - principalmente o "não-dito". Bobagens. Um dia recheado de besteirinhas. Dia de se deixar intelectualidades e escudos de lado. Totalmente de lado. Para a alma vibrar: livre. Não me preocupo em ser assim boba. Sou mesmo. Hoje, mais. Acordei assim.



Esta

Nenhuma mulher me basta
Mesmo que se meta a besta
Mesmo que se finja casta
Venha rindo numa cesta
Hare-krishna, puta ou rasta
Dê-me prazer, reza, êxtase
Chegue quando o mal se afasta
Nenhuma mulher me basta

A não ser esta, assim é esta
A não ser esta, assim é esta

Que traga ouro na testa
Dê forma à disforme pasta
Seja a única que resta
De matéria que não gasta
Tenha gestos sem arestas
Arre na festa nefasta
Trigo pro pão, luz na fresta
Nenhuma mulher me basta

Fedra, Medéia, Jocasta
A cachorra da moléstia
Peste que me arrasta
Cura pra minha imosdéstia
Couro de anja, pele de ginasta
Pôr-do-sol que resta
Sou sozinho, a vida é vasta
Nenhuma mulher me basta

(Chico César)

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