domingo, 18 de janeiro de 2009
madrugada de 19 de janeiro de 2009
Estou sozinha em casa. Campanhia. A vontade de escrever é visita íntima: sabe dos meus segredos, dos meus fantasmas, desejos, calafrios… sabe sobre o que escondo e o que exponho. É bom ficar sozinha às vezes. Sozinha com minha visita. Diálogo de bocas fechadas, de palavras lidas, na mente. Um turbilhão de palavras. Já me perturbaram o sono inúmeras vezes. Aí: visitas inapropriadas, quando se preferiria ficar inerte frente à TV. Mas, hoje não: hoje eu te ofereço um gole de vinho. Bebemos juntas: reconsideramos, sonhamos, sentimos e – quem se atreveria a questionar? – vivemos juntas minha vida. Intensamente. Tamanha itensidade vira letras, que possuem um tamanho e uma profundidade muito maiores do que elas conseguem expressar. São um pouco como me sinto tantas vezes… por mais que expressem, atigem apenas o dizível. Ah… há tanto indizível por aqui… tanto… Contudo, isso fica em segredo entre mim e minha visita. Combinamos o que pode ser dito - nunca me senti à vontade com quem fala demais – o restante fica na sutileza de nossa respiração, olhar, sensações. Ela me confessa, então, seu eterno fracasso por não conseguir me ajudar a atingir o pleno. Eu. Eu a consolo: somos todos assim. Fica a brecha, a falta, o que precisa vir-a-ser: um dia. Ela entende. Acho que vai dormir aqui comigo. Não vou perguntar: pode se ofender e não mais voltar. Deixo que se vá sem despedidas, num ir embora meio brisa: carinho delicado da ausência impermanente. Ausência presença: ela sempre volta. Boa noite, querida.
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2 comentários:
Denso...Sexy...Libido...Misterioso...Dramático...Profundo...Gostei muito da forma escrita!!! Muito bom!
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