quarta-feira, 15 de abril de 2009

além de

Isso não é uma história inventada. Isso não é história-pra-boi-dormir. Pra ti dormir. Espelho. Eu. Ontem à noite. Estranhamo-nos como se nunca tivéssemos antes nos visto. O estranhamento foi tamanho que chegou a dar aquela sensação com a qual lebramos que há um coração batendo ali: dentro de nós. Ele fez menção de sair. Pela boca? Escovei meus dentes com os olhos grudados em meus olhos ao som manso das cerdas-carinho. Escovava esquecendo-me do que fazia. Enchi a boca de água na ânsia de colocá-la para fora e rever quem viera me vistar. Pra ficar? Perdi-me em quem encontrei ali. A pele, o cabelo, a boca, o nariz: tudo o mesmo. Mas, os olhos: não. Vieram até mim para me contar. De mim. Relembrar-me. Cantaram aos meus antigos ouvidos a velha canção. Tudo tão antigo. Tudo tão novo. Acho que foi apenas a materialização. Do preenchimento. Do tempo. Do que eu já sabia. O estranhamento durou alguns minutos. Troquei de roupa para ir dormir, como quem vestisse outra pessoa. Dormi com quem (de) novo(a) surgiu. Reparida. Acordei. O espelho. Eu. Estava com pressa.

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