terça-feira, 5 de agosto de 2008

david lynch

"Para aumentar a concentração
Lynch chega ao Brasil acompanhado pelo músico escocês Donovan (que fez sucesso na época do rock psicodélico, nos anos 60, com músicas como Mellow Yellow).

Com voz aguda e desacelerada, topete curvilíneo e olhar inescrutável, aparece com ar sereno. Serenidade, aliás, é o xis da questão. Conhecido como "Jimmy Stewart de Marte", por misturar em sua figura tanto o imaginário pacato da América profunda quanto sua loucura e fantasia, Lynch entrou em contato com a meditação nos anos 70.

Foi paixão à primeira vista. Desde então, medita duas vezes por dia, não importa o lugar onde esteja. Graças à meditação, diz ter encontrado a calma necessária para "pescar" as idéias de seus filmes.

"Para pescar idéias, é preciso ter paciência e iscas: o desejo e a paciência. A profundidade que um anzol atinge é a profundidade que a idéia vai ter".

Sempre metafórico, Lynch se apodera da folha do repórter e desenha dois círculos concêntricos, em forma de rosquinha.

"Fixe seu olho na rosquinha e não no buraco", ordena. "É preciso focar no trabalho. Há muitos problemas acontecendo em volta, o que causa distração. A meditação aumenta sua capacidade de se concentrar mesmo em crise", diz ele.

A vinda de Lynch é estratégica. Além de divulgar o livro e a Fundação - que movimenta US$ 2 bilhões por ano - ele pretende se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O assunto? Nada menos do que a paz mundial. "Quero falar com Lula sobre uma universidade que forme especialistas em meditação transcendental e introduzir em todas as escolas do Brasil técnicas para que se reduza o nível de estresse e negatividade", conta.

"O dinheiro para a fundação vem de doações. A primeira, foi de uma figurante de Império dos Sonhos, que doou seu cachê. Depois, doações milionárias e músicos que ajudam a arrecadar fundos.

É preciso cuidado para não associar as idéias de Lynch à pregação de um garoto-propaganda no estilo Tom Cruise. Diferentemente da Cientologia, a meditação transcendental não é seita. Educado por uma família presbiteriana, o cineasta ressalta que a técnica pode conviver com qualquer crença.

Sem reflexões teóricas
Escrito com linguagem simples e estrutura fragmentada, Em águas profundas fala muito mais dos benefícios da meditação do que da obra de Lynch. Mesmo sem jogar luz sobre seu cinema (o diretor odeia explicar o significado de seus filmes), reflete sobre o universo perturbador de suas fitas, com referências à bela textura de corpos decompostos ou à importância da iluminação e do som para criar de atmosferas estranhas.

Algumas passagens são emocionantes, como o encontro com Frederico Fellini logo antes de sua morte. Outras provocam risos irônicos, como quando Lynch explica que "todos nascemos para sermos felizes, felizes como cachorrinhos abanando os rabinhos".

Não há reflexões teóricas, mas a revelação do processo de criação de um artista intuitivo, que constrói mundos independentes através de idéias abstratas
."

retirado de http://diversao.terra.com.br/interna/0,,OI3054106-EI3615,00.html em 05.08.07

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